O Barroco Musical em Bolonha - Ensemble Archipelago, dir. Lorenzo Colitto (IT)

November 12th, 2022 - 20:30
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O Barroco Musical em Bolonha

"... o trabalho do Sr. Aldobrandini [...] foi de tal particular satisfação, que [...] foi estimado como o melhor do que foi ouvido até agora..." (A. Sanseverino, carta a G.A. Perti, Piedimonte 3 de Janeiro-1700, provavelmente por ocasião da estreia de Cesare em Alessandria, representada no teatro San Bartolomeo em Nápoles em dezembro de 1699)
Giuseppe Antonio Vincenzo Aldrovandini nasceu em Bolonha em 1671.
É um compositor pouco conhecido do público devido à sua produção limitada: viveu apenas 36 anos, muitos dos quais em pobreza absoluta devido ao seu estilo de vida dissoluto. Como prova, temos algumas cartas que escreveu a vários destinatários guardados na biblioteca nacional de Paris, em que o tema constante é precisamente a queixa contínua das suas condições precárias. Outro testemunho é a sua morte em 1707: “ele saiu bêbado de uma taberna bolonhesa e afogou-se no canal de Navile, nessa altura o porto canal da cidade”(STANLEY SADIE, The New Groove Dictionary of Music and Musicians).
Estudou música em Bolonha, onde aperfeiçoou o contraponto e composição com Perti, que foi maestro di cappella de São Pedro e de San Petronio, e professor de outros ilustres músicos bolonheses, incluindo Torelli e Padre Martini. Foi sobretudo no campo da ópera que mostrou a sua excelência como compositor. Entre as suas óperas de particular interesse e importância estão algumas com libretos no dialeto bolonhês cujas as partituras foram posteriormente perdidas, outras continuaram a ser executadas durante vários anos após a sua morte e quatro delas foram estreadas no teatro San Bartolomeo em Nápoles. As partituras completas de duas destas últimas obras, são preservadas na biblioteca do conservatório de Nápoles (Semiramide e, mais importante, Cesare em Alessandria), enquanto as outras duas têm apenas árias sem os recitativos. É muito incomum ter as partituras dos dois interlúdios cómicos, Mirena e Lesbino e a mais longa Mirena e Floro, preservadas juntamente com o manuscrito da ópera (uma cópia da qual está na Biblioteca Nacional de Paris).
A produção instrumental de Aldrovandini, está toda impressa e preservada na maior parte do museu cívico bibliográfico de Bolonha, inclui, entre outros, uma coleção de 10 sonatas trio publicadas em Bolonha em 1706 pela editora Silvani e que teve a honra de uma segunda edição pela famosa editora holandesa Mortier.
As sonatas trio de Aldrovandini exibem uma simplicidade nas formas e um certo engenho no desenvolvimento dos temas, tanto nos lentos movimentos corelianos, sempre inspirados por uma excelente veia melódica, como nas formas mais contrapontísticas. O efeito global resultante, no entanto, é certamente agradável e um prelúdio para ouvir, esperemos, em breve, as óperas de Aldrovandini; óperas em que não será difícil ser surpreendido pela qualidade deste compositor bolonhês injustamente esquecido.
 

ENSEMBLE ARCHIPELAGO

Lorenzo Colitto, 1ºviolino e direção
Lisa K. Ferguson, 2° violino
Marcello Scandelli, violoncelo
Joao Paulo Janeiro, cravo
Francesco Romano, archlute e guitarra